quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

kriola II

a distância a vencer pelo barco nem é tão grande assim, mas toda a gente que falava da viagem dizia, invariavelmente: "é muito dura | o mar é terrível | o barco não tem condições | prepara-te", mas estava longe de imaginar o que me esperava.. eu, que até achava que estava habituado a andar de barco, confesso que estava a ficar ligeiramente enjoado no final dos 30 minutos da viagem de ida, mas longe de imaginar o que me esperava no regresso: como o kriola não estava em pleno funcionamento, a viagem de volta para o fogo foi feita num antigo barco de pesca, bem mais pequeno do que este, bem menos estável, e com um agradável aroma a peixe podre... para além de demorar uma hora ("ou mais ainda, se o mar estiver muito mau..") a fazer o mesmo percurso...


aqui, os luxuosos interiores, prontos a estrear (bem diferentes da cozinha-a-cheirar-a-especiarias onde fizemos a viagem de regresso....)

ah.. coletes salva-vidas... (já no regresso, havia.. ahm... hum... ah.. se calhar não havia nada...)

saquinhos-catitas para o vomitado (até davam vontade de usar..) - já na viagem de regresso, e depois dum início confiante "mas por que raio está toda a gente a benzer-se e a baixar a cabeça e apoiá-la entre os braços?.." só tive tempo de deslizar por cima da mesa da cozinha e apanhar um dos baldes de plástico pretos que estavam espalhados pelo barco... e digamos que o resto da viagem foi passado de cabeça baixa, enfiada no balde, a olhar para o interior do meu estômago às voltas cá fora, cujo volume ia aumentando de tempos a tempos... e... claro... o mar estava particularmente mau nesse dia, e demorámos mais de uma hora... com ondas até 4 metros, que não víamos de onde vinham, e nos projectavam para todos os lados, e o rádio ligado-estupidamente-alto numa estação que só tocava música lamechó-pirosa brasileira...

(depois dessa fantástica viagem, ainda me esperava o voo para santiago - também com trepidação provocada pelos ventos fortes - e até no táxi do aeroporto para casa enjoei...)

mas aqui, ainda era inocente, todo contente, a chegar à brava, com a vila de furnas ao fundo, no início da semana...

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