.iacista
não, não estou a inventar nada... já vi isto escrito numa reportagem na televisão: são os condutores das hiaces, os tais meios de transporte que te levam para qualquer parte da ilha. na verdade, o trabalho do iacista nem tem nada de particularmente atractivo: é só andar com a hiace às voltas pela cidade até encher (e quando digo encher, é encher mesmo, não aceitam nada abaixo das 18 pessoas..). ora, quando vais com os amigos dar uma volta, até achas piada andar às voltinhas pela cidade a procurar clientes... uma volta, duas voltas, três voltas... funaná bem alto nas colunas... dizer adeus às pessoas na rua... mas há pessoal que abusa... sete voltas, oito voltas... até chegar ao ponto em que já apetece pagar mais 200 paus para arrancar logo de uma vez com o raio da hiace!! é que nem é por nada... basta fazer uma conta simples: oito voltas pela cidade gera um consumo de combustível que é, de certeza, superior ao ganho de mais um eventual cliente!!
mas, associado ao iacista, há o angariador de clientes: um jovem que vai pendurado na janela, cabeça de fora, a gritar o destino da hiace aos quatro ventos e que acumula também a difícil tarefa de ir encaixando os novos, com sacrifício do seu próprio conforto, muitas vezes. e aqui se vê bem a versatilidade deste povo: de baixo de um banco sai um bloco de madeira que encaixa entre os outros dois; abre-se a porta de trás e entram mais duas pessoas que se sentam numa tábua apoiada no vizinho do lado; rebate o braço de outro banco e mais um lugar.. e assim se sentam, nas calmas, mais uma senhora gorda com um alguidar carregado de couves, uma rapariga com dois miúdos ao colo e dois jovens com mau aspecto... e lá vamos nós finalmente...
. arrumador de sacos de supermercado
ultrapassada a surpresa inicial por os produtos colocados na caixa não andarem sozinhos (as caixas são iguaizinhas às nossas aí, mas os tapetes rolantes não rolam...) eis que surge, do nada, uma criatura que pega nas nossas compras e as enfia em sacos de plástico, segundo princípios altamente científicos: "papel higiénico: um saco; cereais: um saco, latas de feijão, manteiga, queijo em barra, iogurtes: um saco..." ok, amigo, obrigadinh, mas isso também eu sei fazer desde, pelo menos, os meus 5 anos de idade! e lá pego nos sacos, sorrio para o senhor e sigo viagem (a sério... estão à espera de moedas por isso?!)
. lavadores de carro
ah pois é... andam vocês a dar moedas aos senhores arrumadores para não vos riscarem os automóveis, quando aqui, pelo mesmo preço, eles não toma conta dos carros, mas lavam-nos! há uns tipos na rua, com um balde com espuma (e a espuma é da boa,que eles também usam o balde para lavar os pés...) e uma esponja, que se dedicam a deixar a brilhar o parque automóvel da cidade. e acreditem que faz falta, com a quantidade de pó que anda sempre pelo ar a toda a hora.. e agora com a estação das chuvas, então...
. guia
quando viajamos para outra ilha, ou para outra localidade, surge muitas vezes a necessidade de alugar carro, com oferta dos serviços de um guia local, devidamente reconhecido pela sua avó como competente para o serviço. é o puto que tem uma toyota hilux e até conhece umas estradas, e nos leva aos melhores sitíos turísticos (a casa da prima, que aproveitamos para dar boleia; o campo onde o pai jogava à bola quando era novo; a mercearia onde vai comprar bolachas; e, com sorte, leva-nos a ver uma plantação de café fantástica na ilha do Fogo... fora da época... mas em compensação, arranca uma batata torcida que nos mostra com orgulho "isto é uma batata, cresce debaixo da terra"...) e no dia seguinte nos crava protector solar, gel de banho, come o nosso pequeno-almoço e ainda nos leva a casa dele, para apresentar as irmãs solteiras (e percebe-se bem por que continuam assim...)
domingo, 22 de agosto de 2010
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