segunda-feira, 23 de agosto de 2010

fruta di fogo

ok, esta acho que não é fruta...

e esta é uma flor de maracujá, mas nunca tinha visto, está bem?...

já esta... apanhou-vos de surpresa, aposto.. é uma jaca, e não cheguei a provar.. mas é do tamanho de duas cabeças das minhas (mais orelha, menos orelha..)

mais aspectos práticos

.quando abrem uma garrafa de coca-cola ou cerveja, deixam sempre a carica no sítio...
e, pela mesma razão que usam as bases para copos para tapar os ditos, percebe-se bem o porquê deste comportamento agora na época das chuvas... o calor e a humidade enlouquecem as moscas e os demais insectos (que se tornam particularmente moles e chatos..), e há sempre um que se suicida na tua bebida...

. não há água quente na cozinha...
e, mesmo na casa-de-banho, só há no chuveiro... até faz sentido, assim no geral... mas nos dias em que se cozinha qualquer coisa um bocadinho mais gordurosa, lá temos que ir ao chuveiro buscar água quente num tacho e voltar as vezes que forem necessárias...
por esse motivo, e pelo método de lavagem habitual (de que falei no início do blog) é essencial nunca, mas nunca, inspirar o ar que está dentro do copo por onde estão a beber... a sério... conselho de amigo!

. quando chove, chove a sério...
já nos tinham avisado, e pensamos sempre que é exagero... "a chuva cai com toda a força e em toda a parte e toma conta da cidade e muda as cores"... mas a pior parte de estar a chover é acordar com a trovoada lá fora e pensar "vou enfiar-me debaixo das mantas mais um bocadinho e esperar que passe".. e depois lembras-te de onde estás e afastas o lençol que acabou de ficar encharcado em suor, enquanto tentas não sufocar porque tiveste que fechar as janelas e não há uma brisinha que alivie o bafo que invadiu a casa...

domingo, 22 de agosto de 2010

cores



é só para avisar que a ilha passou de vermelho a verde, nos últimos dias...
em compensação, a água do mar mudou de azul para castanha...
obrigado, época das chuvas!

ainda no fogo



em s. filipe, a capital

não sei o que estava dentro das sacas, mas dava vontade de comprar, só para empilhar assim, num canto da sala..


em salinas de s. jorge (tenho que confirmar o nome...) mas não se deixem iludir pelas imagens... era uma praia de pescadores, e ali mesmo ao lado havia cabeças de peixe e troços de pele seca com escamas agarradas...

profissões locais II

.iacista
não, não estou a inventar nada... já vi isto escrito numa reportagem na televisão: são os condutores das hiaces, os tais meios de transporte que te levam para qualquer parte da ilha. na verdade, o trabalho do iacista nem tem nada de particularmente atractivo: é só andar com a hiace às voltas pela cidade até encher (e quando digo encher, é encher mesmo, não aceitam nada abaixo das 18 pessoas..). ora, quando vais com os amigos dar uma volta, até achas piada andar às voltinhas pela cidade a procurar clientes... uma volta, duas voltas, três voltas... funaná bem alto nas colunas... dizer adeus às pessoas na rua... mas há pessoal que abusa... sete voltas, oito voltas... até chegar ao ponto em que já apetece pagar mais 200 paus para arrancar logo de uma vez com o raio da hiace!! é que nem é por nada... basta fazer uma conta simples: oito voltas pela cidade gera um consumo de combustível que é, de certeza, superior ao ganho de mais um eventual cliente!!
mas, associado ao iacista, há o angariador de clientes: um jovem que vai pendurado na janela, cabeça de fora, a gritar o destino da hiace aos quatro ventos e que acumula também a difícil tarefa de ir encaixando os novos, com sacrifício do seu próprio conforto, muitas vezes. e aqui se vê bem a versatilidade deste povo: de baixo de um banco sai um bloco de madeira que encaixa entre os outros dois; abre-se a porta de trás e entram mais duas pessoas que se sentam numa tábua apoiada no vizinho do lado; rebate o braço de outro banco e mais um lugar.. e assim se sentam, nas calmas, mais uma senhora gorda com um alguidar carregado de couves, uma rapariga com dois miúdos ao colo e dois jovens com mau aspecto... e lá vamos nós finalmente...

. arrumador de sacos de supermercado
ultrapassada a surpresa inicial por os produtos colocados na caixa não andarem sozinhos (as caixas são iguaizinhas às nossas aí, mas os tapetes rolantes não rolam...) eis que surge, do nada, uma criatura que pega nas nossas compras e as enfia em sacos de plástico, segundo princípios altamente científicos: "papel higiénico: um saco; cereais: um saco, latas de feijão, manteiga, queijo em barra, iogurtes: um saco..." ok, amigo, obrigadinh, mas isso também eu sei fazer desde, pelo menos, os meus 5 anos de idade! e lá pego nos sacos, sorrio para o senhor e sigo viagem (a sério... estão à espera de moedas por isso?!)

. lavadores de carro
ah pois é... andam vocês a dar moedas aos senhores arrumadores para não vos riscarem os automóveis, quando aqui, pelo mesmo preço, eles não toma conta dos carros, mas lavam-nos! há uns tipos na rua, com um balde com espuma (e a espuma é da boa,que eles também usam o balde para lavar os pés...) e uma esponja, que se dedicam a deixar a brilhar o parque automóvel da cidade. e acreditem que faz falta, com a quantidade de pó que anda sempre pelo ar a toda a hora.. e agora com a estação das chuvas, então...

. guia
quando viajamos para outra ilha, ou para outra localidade, surge muitas vezes a necessidade de alugar carro, com oferta dos serviços de um guia local, devidamente reconhecido pela sua avó como competente para o serviço. é o puto que tem uma toyota hilux e até conhece umas estradas, e nos leva aos melhores sitíos turísticos (a casa da prima, que aproveitamos para dar boleia; o campo onde o pai jogava à bola quando era novo; a mercearia onde vai comprar bolachas; e, com sorte, leva-nos a ver uma plantação de café fantástica na ilha do Fogo... fora da época... mas em compensação, arranca uma batata torcida que nos mostra com orgulho "isto é uma batata, cresce debaixo da terra"...) e no dia seguinte nos crava protector solar, gel de banho, come o nosso pequeno-almoço e ainda nos leva a casa dele, para apresentar as irmãs solteiras (e percebe-se bem por que continuam assim...)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

hoje...

o dia acordou assim... as poças substituiram as estradas, a lama invadiu os passeios, e os pingos esconderam o pó...
mas depois arranjou-se, saiu à rua e ficou mais bem-disposto!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

aspectos (pouco ou nada) práticos da vida mais a sul...

. falta a luz, falta a água...
confere! nesta altura do ano em particular, as quebras no fornecimento sucedem-se a um ritmo incrível... e a impunidade da empresa que assegura o serviço (que por acaso é a mesma...) é assustadora: comida estragada porque descongela durante a noite, computadores a falhar porque passam a vida a ir abaixo, trabalhos perdidos.. nada é responsabilidade deles.. claro, nós contratamos o serviço porque queremos, há alternativas...(ah, não... isso não é cá...)  mas ao menos é fácil saber quando a electricidade volta - basta estar atento ao barulho ensurdecedor dos geradores dos cafés e ouvir quando pára...
e depois há o local de trabalho, onde quando falta a luz, vai a net e o telefone atrás.. e quando resolvem usar o gerador até voltar, não se pode usar o ar condicionado... e não há janela aberta que alivie o calor (parece que há um ancião numa aldeia perdida no interior que ainda se lembra da última brisa fresca que soprou por estas bandas...)

. nada seca...
confere! parece mentira mas, apesar do calor, a roupa demora dias a secar, graças à humidade. e mesmo depois de seca, fica sempre meio esquisita, com um cheiro manhoso... tanto que a maior parte das vezes mais vale voltar a usar a mesma roupa vezes sem conta (o que até é ecologicamente simpático... poupa água e energia...) e tenho um novo ritual matinal: cheirar a roupa a ver se ainda pode voltar a ser usada)

. há pó em toda a parte...
o calor obriga a ter as janelas sempre abertas -> as janelas abertas deixam entrar pó a toda a hora -> a casa tem sempre um tom avermelhado e o cotão multiplica-se por toda a parte.. em compensação, fica muito mais fácil combinar as cores da roupa, porque tudo tem um bonito tom uniforme cor-de-tijolo...

. há problemas com o lixo
sim, muitos... os caixotes até são usados, quando encontramos um... (o mais próximo de minha casa, por exemplo, está a uns 150 metros, mas a maior parte das vezes esta fechado com corrente e cadeado - e porquê? porque há pessoas e cães que os assaltam e espalham tudo por toda a parte... e não é por necessidade: segundo consta, as pessoas procuram no lixo algo que possam vender para trocar por grogue ou droga - já os cães parece que é mesmo por fome, não tenho a certeza..), mas regra geral há mais lixo em qualquer pedaço de chão do que nos locais designados para o efeito...

. há baratas
sim, muitas, e grandes, e por todos os lados... mas também... estamos em África!! estavam à espera de quê? flocos de neve? fadas? claro que há baratas e outros insectos que nem sei bem o que são... mas o truque é respeitá-los, afinal eles chegaram cá primeiro! pessoalmente, quando me cruzo com uma barata na rua deixo-a passar, cumprimento-a e sigo com a minha vida...

e pronto, por hoje chega de bater no ceguinho... não me interpretem mal, eu estou a gostar de viver por cá... muito, a vários niveis.. estou só a pintar o panorama geral... de forma pouco imparcial, reconheço, mas bem-intencionado!

mais no fogo

este senhor era o nosso objectivo: o vulcão maior da ilha
local: chã das caldeiras
hora: 6h00
altitude: 1700 m
altitude no topo: 2800 m

e lá fomos nós, com um maravilhoso guia do vulcão (pelo menos os primeiros cinco do grupo dizem isso... eu fiz parte dos últimos dois que ficaram por conta própria para descobrir parte dos trilhos... ). na foto, aspecto geral do vulcão, no início da subida... depois começou a ser mais inclinado, pela zona das rochas mais firmes.

já na descida, o "piso" era este - jorra (pelo menos acho que era assim que se chamava) onde os pés se enterravam e deslizavam ao mesmo tempo... uma espécia de snowboard mas mais sujo, embora igualmente divertido (digo eu, que nunca fiz tal coisa..)

numa paragem para descansar da velocidade alucinante, e para fugir da nuvem de pó do resto do grupo... a combinação da gravidade + a corrida + o deslizar da jorra resulta numa descida vertiginosa, e que compensa o esforço da subida (que nem foi tanto assim, e o acordar de madrugada, e ficar num hotel sem luz a partir das 22h...)



de volta à carrinha, a caminho do hotel, para um merecido banho e um ansiado almoço... e lá ficou o senhor, em toda a sua majestade... salpicado pela vinha do famoso vinho do fogo...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

no fogo - o início

e aqui uma foto dos tempos em que uns tios meus viveram em África.... ah não, espera.. isto foi o mês passado, quando fomos à ilha do Fogo! e sim, chegámos lá vivos (e todos) e voltámos... o único cuidado a ter era contornar um daqueles cones de trânsito que assinalava o caminho seguro - aquele em que a hélice não nos arrancava a cabeça... (e sim, fomos a pé da sala de embarque até ao avião...)

e uma vez na ilha, este foi o nosso transporte de eleição... completamente nosso, com guia incluído e tudo! ok, para lá demos boleia a uma senhora e seus três filhos, para cá trouxemos as irmãs do guia.. e no dia seguinte ainda levámos a prima connosco... mas tirando isso, era nosso.. só nosso... e confortável... ui... (na verdade, até achei piada porque me lembrava as viagens que fazíamos em família quando era miúdo... os meus avós na frente, e o resto da família atrás, debaixo do toldo...)


mas a vista compensava, não?...


e como era dia de jogo, ainda parámos numa mercearia, no meio do nada, para assitir "ao partido" de Espanha com alguém... e reparem nos produtos expostos, nos expositores... (e mais uma vez, qualquer coisa cheirava à minha infância.. aliás, muita coisa aqui faz lembrar os tempos passados na fazenda, exactamente como era na altura... a diferença é que agora já não tenho medo das galinhas.. praticamente..)


ah, mas tivemos direito a "riselvasamento" de mesa e tudo!!

sábado, 7 de agosto de 2010

feira de turismo - cidade velha

no início da nossa estadia, fomos à fortaleza de s. filipe, para visitar uma feira de turismo... e o local não poderia ter sido melhor escolhido, porque só chegar até lá já era turismo: fomos de hiace até ao início do caminho, e depois era só andar umas centenas de metros até ao recinto, pelo meio de agradáveis calhaus e nuvens de pó...

a feira, propriamente dita, até acabei por não ver... mas só para visitar a fortaleza já valeu a pena (em cima, umas tendas que não percebi se teriam sido usadas em alguma actividade ou se faziam parte do cenário | em baixo, um restaurante "deluxe" improvisado na fortaleza)

havia ainda espaço para quiosques com algumas iguarias de restaurantes locais (na foto, creio que era espadarte fumado... não é salmão, mas também é simpático, com umas gotinhas de limão...)

e como era o último dia, ainda tivemos direito a demonstrações musicais e de danças locais... mas já não consegui fotografar... (só acho mal ter entrado toda a gente de surpresa em casa da senhora do lado esquerdo sem avisar... a senhora foi claramente apanhada desprevenida...)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

e voltei... mais uma vez...

é verdade... aposto que já tinham desistido de vir aqui visitar-nos, mas finalmente consegui voltar! que é como quem diz... finalmente instalaram internet cá em casa... agora é escolher e arranjar fotos, consultar os livrinhos, afiar a caneta e voltar ao activo...