no bairro onde estou a morar (uma das zonas simpáticas da cidade, com embaixadas e organismos públicos e afins..) cruzo-me frequentemente com uns senhores que são gentilmente apelidados de "guardas"... assim à primeira vista, parecem apenas mais uns a dormir na rua.. mas não... são profissionais altamente competentes, com treino militar para passarem a noite sentados à porta da casa/organismo que lhes está entregue (sentados mesmo na porta de entrada - 90% dos assaltos a casas são feitos pela porta da frente, toda a gente sabe disso...), atentos a tudo o que os rodeia, num estado de vigília tão avançado que se assemelha a uma sesta... cheira-me que o único requisito que têm que cumprir para alcançar tão exigente posto é terem a sua própria cadeira de plástico e rádio a pilhas.. mas isso sou eu...
numa visita recente ao mercado do peixe, fomos abordados por um simpático senhor, coberto de sangue, entranhas e espinhas de peixe, que agitava alegremente uma faca na nossa direcção enquanto perguntávamos à senhora da "banca" (chamemos-lhe assim, apesar de ser uma palete no chão..) o preço daquele que seria o nosso jantar... ora parece que, para alívio meu, o senhor em questão é assim uma espécie de "estripador de peixe" que, a troco de uns 100€ nos esventra (perdão, arranja..) o peixe... e são uns 100$00 muito bem gastos, devo confessar... nenhum dos meus primos com menos de 12 anos arranja peixe com aquela mestria...
e por fim, os táxistas... essa maravilha das grandes cidades... aqui, como em tantas outras capitais, não primam pela condução segura nem pela simpatia.. e têm o hábito irritante de apitar cada vez que passam por nós na rua... para os senhores, não podemos andar a pé pela rua, a menos que estejamos à procura de um táxi, pois claro! é impensável que "um de nós" ande a pé pela cidade... (não faço ideia de como eles nos distinguem tão facilmente dos locais... devem ser anos e anos de treino...) e quando realmente queremos apanhar um, temos sempre que perguntar quanto custa o percurso até ao destino em mente, pois há sempre uns espertos a tentar enganar o turista (é incrível como nos tornamos agarrados aos trocos quando as coisas são baratas.. nunca pensei regatear 10 cêntimos por uma manga, mas acontece... não é por nada.. é só porque nesta cidade nunca há trocos em lado nenhum...nunca...) e depois temos táxis para todos os gostos: com vidros partidos, com bancos estripados, com neóns azuis apontados para os pés, com pelúcia no tablier, com dezenas de pinheirinhos de cheiro pendurados no retrovisor, partilhados...
ah, e por falar em profissões, as simpáticas senhoras do café começaram a cobrar-me dinheiro pelo serviço... as desgraçadas... primeiro sorrisinhos e bolinhos, e depois.. timbas! e a melhor parte é que os tais meus colegas a quem servem o café no posto de trabalho não pagam nada.. só nós aqui do piso de baixo... dos serviços...